Batismo - Silvio Almeida da Silva
Meu nome é Silvio Almeida da Silva, tenho 52 anos, nasci e me criei aqui no bairro. Tive uma infância simples e tranquila, brincava com as outras crianças com aquilo que eram as brincadeiras da época. Porém, por volta dos 12 anos de idade tive os primeiros contatos com bebida alcóolica, fazia uso frequente de cachaça, e o consumo aumentava cada vez mais, tomava copos cheios, de uma vez, como se estivesse tomando água. Era chamado e conhecido pelos amigos como “boca de litro”. Passava o dia todo na rua, nos bares do bairro e quando retornava para casa meu pai já estava me aguardando, sempre tinha uma palavra ofensiva como por exemplo…” lá vem o garrafão, acabou o nosso sossego”.
Por conta da bebida, abandonei os estudos, antes disso, com muita dificuldade cheguei na terceira série primária onde fiquei três anos. Com isso o desânimo tomou conta e decidi que não iria mais continuar estudando, foi aí que consegui um emprego na Padaria dos Bancários onde trabalhei por aproximadamente quatro anos. Lá cumpria responsavelmente a minha jornada de trabalho, mas assim que terminava o expediente já me entregava à bebida.
O tempo passou, a juventude chegou e os problemas com o álcool só aumentaram, fui internado várias vezes para o tratamento do alcoolismo, porém todas elas sem sucesso!
Os problemas com a família eram constantes e iam se agravando com o passar do tempo, uma vez que minha família não acreditava mais que eu pudesse me recuperar e voltar a ser uma pessoa normal, minha situação só piorava. Cada dia ficava mais agressivo e ofendia as pessoas com palavrões. As facas de casa precisavam ser escondidas porque meus familiares temiam que eu fizesse uma besteira.
Antes da morte de minha mãe ela pediu ao meu irmão caçula, o Elias que não me abandonasse, ela disse… “cuida do Cabeção, não deixa ele jogado na rua…”.
Durante este tempo todo sempre tive o apoio da minha família, em especial dos meus irmãos Elias e Edésio (Lelo) que por mais que parecesse impossível, pois as vezes chegavam a dizer “ele não tem mais jeito, pode largar na rua” eles nunca desistiram de mim.
Após uma das internações, aparentemente eu estava recuperado, fiquei em torno de 12 anos mais tranquilo, porém bebia escondido, até que um dia perdi o controle e me entreguei novamente à bebida e os problemas todos voltaram. Em uma das crises, tive um surto e precisei ficar um tempo internado.
Até que um dia, minha história começou a mudar. Em um dia de setembro de 2019 quando eu passava em frente à OBPC Mandaqui, eu estava alcoolizado, de camiseta, bermuda e chinelo, com ferimentos no rosto e orelha, de repente, voltei e sem entender o porque entrei na igreja, perguntei aos diáconos que estavam na porta (não me lembro quais eram, mas lembro que eles estavam usando gravata), se eu poderia entrar e ouvir a missa, fui muito bem recebido pelos diáconos que me conduziram ao Templo e me deram um lugar para sentar. Não me lembro de nada que aconteceu a partir daí, pois permaneci cochilando o culto todo. No final me convidaram para participar do devocional na segunda feira de manhã, e eu vim, mesmo de ressaca, tremendo, mas eu estava aqui, firme! Logo os obreiros da igreja perceberam que eu queria mudança de vida, aí investiram tempo e dedicação no processo da minha recuperação. Continuei frequentando os cultos, quinta, domingo e devocionais, muitas vezes ainda alcoolizado, com ferimentos no nariz pois vivia caindo na rua, mas estava aqui, firme, de alguma forma, mesmo sem entendimento, eu sabia que Deus tinha algo na minha vida.
Em outubro de 2019 fui levado à Casa do Oleiro, o tempo proposto para recuperação era de seis meses. Quando estava indo pra lá, no carro do Elias, o Lelo, meus irmãos vinham comentando que não estavam acreditando que eu de fato iria me internar, pois várias e várias vezes antes já tinham tentado sem sucesso! Chegando lá fui muito bem recebido e ali, no meio de aproximadamente 30 alunos passava meus dias ocupado com as tarefas do dia a dia, sem deixar de dedicar um tempo à Deus, diariamente, duas vezes por dia em oração, cultos, leitura da Palavra e até vigílias. Ali, no meio do mato, naquele lugar tão bonito da natureza tive um encontro com Deus, eu não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que era Deus que estava me restaurando, cuidando das minhas feridas e me aproximando mais Dele.
Fiquei nove meses na Casa do Oleiro e quando saí, fui muito bem recebido pela minha família e pela igreja, que através de várias pessoas me ajudou, me valorizou e acreditou na minha transformação.
Hoje eu me sinto outra pessoa, todos aqui gostam de mim. Agradeço muito à Deus e a todas as pessoas que Ele colocou do meu lado. Especialmente aqueles dois diáconos que eu não me lembro quem eram, ao pastor Carlos que me ajudou na internação, que ia me visitar, ao pastor Ezequias que me deu a oportunidade de começar a trabalhar na igreja, ao Pb. Paulo Guimarães aos pastores Ricardo, Wanderley e Joel, a dona Leonor e a toda Igreja, por toda atenção que me deram e me dão até hoje.
E para terminar, ainda recebi outra grande bênção, no meio da pandemia fui convidado pelo pastor Joel para fazer parte do Staff da igreja como funcionário, trouxe os meus documentos e já fui registrado!
Agradeço ao meu Deus e meu Pai por nunca ter desistido de mim!!!